Noutra área, quando equacionamos comércio ou trocas num sentido lato, estamos frequentemente atidos a uma visão de sistema fechado – que implica finitude de recursos mas também as regras que a teoria dos jogos demonstra, como jogos de soma numa, etc., existindo um limite de bens/ valores/ serviços e limitando-se a troca a padrões ou regras que os redistribuem de maneira mais ou menos dinâmica e segundo vários tipos de regras consoante o tipo de economia em vigor. Com ou sem lucro, de uma ou de outra forma, as trocas como as concebemos são variações do sistema barther, em que se uma mão dá outra recebe e recebe, fundamentalmente, do mesmo sujeito a quem deu. Todas as trocas se dão entre dois sujeitos (ou pares de dois sujeitos) num sentido duplo. Como numa equivalência matemática, num e noutro lado da igualdade deve existir o mesmo valor, o que caracteriza um sistema fechado. Porém, o que acontece se conceberem, como com a energia, um alargamento do sistema de trocas – até ao eventual sistema de trocas com o todo cuja extensão é virtualmente desconhecida e infinita? Como é trocar com o Todo? Sair de sistemas biunívocos e trabalhar com o universo? Como é fornecer um valor directa e conscientemente ao Todo? O que acontece quando alargamos a dimensão do outro sujeito da troca? Quando nos identificamos parcialmente com ele? Quando sabemos que ele tem dimensões ainda invisíveis, como invisível aos nossos olhos humanos é também o infinito? Como podemos uma nova forma de economia que, ao mesmo tempo que se baseia nos recursos da Terra, finitos, e no seu equilíbrio vital, enquadra as trocas num sistema infinito? Como construiremos Harmonia? E como construiremos uma vida à medida humana, já que para mim, estas trocas por troca, com ou sem dinheiro envolvido, têm algo de “dente por dente” o que subentende uma forma de miserabilismo… muito como em Les Misérables que o eram por contar patacos, nominais ou figurativos, por não atenderem às forças mais construtivas e libertadoras dentro de si – libertadoras portanto de si e dos outros.
É razoável e sensato ter limites – limites de identidade e limites de propriedade (o ninho de cada família, por exemplo); mas em harmonia existe também um aspecto da nossa identidade que é ilimitada e que, consequentemente, requer um sistema de trocas compatível. Idéias?